Todos nós já vimos em algum lugar ou em algum momento, a cidade de São Carlos ser chamada de São Carlos do Pinhal. Até nas Redes Sociais, experimente por um #sãocarlos, que irá aparecer a sugestão… do Pinhal. Então, está a fim se conhecer essa história?

Foi em 1780 que, Carlos Bartholomeu de Arruda, avô do futuro Conde do Pinhal, e seu filho, adquiriram terras na região dos Campos de Araraquara. Mas, a ocupação efetiva das terras ocorreu com seu filho, Carlos José Botelho, que deu início às atividades da fazenda com plantação de cana de açúcar, criação de gado e, posteriormente, na década de 1840, com a plantação de café. Também foi Carlos José quem construiu a Casa de Morada da Fazenda, nas primeiras décadas do século XIX.

Antônio Carlos de Arruda Botelho, que se tornaria anos depois o Conde do Pinhal, era casado com Francisca Theodora Coelho, com quem teve um filho, o futuro médico, agricultor e senador Carlos José Botelho. Com o falecimento de Francisca, em 1862, Antônio Carlos se casou novamente, em 1863, com Anna Carolina de Oliveira, e teve doze filhos.

Antônio Carlos de Arruda Botelho construiu um poderoso “clã político familiar”. Tudo começou com o sargento-mor, Carlos Bartholomeu de Arruda Botelho (o vô do conde, lembra?), conquistando o Oeste paulista com uma concessão da sesmaria do Pinhal. Em apenas dez anos comprou mais 3 sesmarias, sendo uma o que seria Araraquara, outra vizinha a Pinhal e uma terceira em Piracicaba, em 1795.

Na época, o sistema implementado pelos portugueses no país e também na região consistia em estabelecer ocupações militares para abrir caminhos e novas paradas, tanto para o transporte do ouro como para a incorporação de terras para a produção agrícola de exportação e consumo interno. Então, as vilas ou freguesias funcionavam como postos militares, isto ficou estampado em muitos escudos municipais. 

As Sesmarias funcionavam como contrato entre Estado e privado. Como assim? É que muitas vezes um ‘funcionário público’ recebia como prêmio, por conquistar o território de ameaças indígenas, quilombolas e espanhóis, títulos oficiais que podiam ser vendidos e comprados gerando especulações imobiliárias.

Bom, com o ‘clã familiar’ já bem estabelecido, o vô, patriarca, manda seu filho, nosso futuro Conde, para São Paulo estudar Direito. Dois anos depois de formado, o jovem em 1859, assume um posto como Inspetor de Instrução Pública e Estradas de Araraquara. A partir daí, a trajetória política e empresarial deste jovem advogado marcará para sempre a São Carlos e toda região oeste do estado.

Com respaldo da família, Antônio Carlos será nomeado, assim como seu pai e seu avô, Tenente-Coronel da Guarda Nacional, e soma-se a isso, o seu matrimônio que possibilitou união com outro forte clã da região, os Estanislau de Oliveira. Nesse contexto, sua força política será tanta que ele é elegido deputado estadual por cinco anos, até 1869. Foi nessa fase, que o futuro conde do Pinhal, separa São Carlos de Araraquara formando a primeira Câmara Municipal em sua própria casa.

Entre 1865 e 1870, a Guerra do Paraguai estava rolando, dizimando a população paraguaia, deixando mais de 5 mil mortos. São Carlos era um ponto estratégico para abastecer as tropas do exército durante esse conflito e, Antônio Carlos, como membro da Guarda Nacional, garantiu o fornecimento de víveres, manutenção de estradas, conseguiu “voluntários” para as filas brasileiras, enfim, fez seu papel e, tão valorizada foi dita ‘colaboração que Antônio Carlos’ pela monarquia, que ele ganhou a promoção a Coronel-Comandante Superior da Guarda Nacional e foi nomeado Oficial da Ordem da Rosa. Estes seriam apenas os primeiros de vários reconhecimentos que a coroa o daria até seu fim.

Os irmãos de Antônio Carlos, Bento Carlos, João Carlos e Paulino Carlos de Arruda Botelho foram Juízes de Paz ou Suplentes, Delegados de Polícia e Deputados. Além disso, seu poder também estava nas armas do exército, como membro da Guarda Nacional.

 A década de 1880 será mais uma parte importante da escalada do agora Visconde do Pinhal/São Carlo, assumindo nada mais e nada menos que a Presidência da Câmara Legislativa de São Paulo, em 1883.  

Em 1884, São Carlos, com mais de 3.700 escravizados, presenciou a chegada da Companhia de Estrada de Ferro Rio Claro, uma mistura histórica entre os pregos dos trilhos da modernidade com as correntes da escravidão. O Conde, claro, fez que a nova linha férrea passasse nos pontos de sua conveniência, de São Carlos a Araraquara, passando inclusive por Jaú, favorecendo seu sogro e aliado Estanislau de Oliveira.

O Conde faleceu em 1901. Sua esposa, Anna Carolina, faleceu em 1945. A Fazenda do Pinhal permanece desde sua fundação até os dias atuais em mãos de descendentes da Família Arruda Botelho, que mantêm viva a memória de seus ancestrais sempre se empenhando em preservar este importante patrimônio do interior paulista.

A casa do Pinhal hoje, pode ser visitada como espaço histórico turístico. Existe, inclusive, o Serviço de Ação Educativa da Casa do Pinhal, responsável pela interação da casa com o público a partir do acervo e de questões relacionadas aos pontos de vistas histórico, cultural e social. A contemplação, através da visita pelos terreiros, casa sede, jardins, pomar, escadinha d’água e o Centro de Estudos, procura, além do conhecimento histórico estimular a responsabilidade social em valorização da memória coletiva.

A história da implantação do antigo oeste paulista, a história de São Carlos e região, do café e dos principais personagens da história da casa. Na Fazenda há ainda a construção da tulha e a casa de máquinas, os terreiros para secagem de café e, a senzala. A casa, que praticamente foi sempre ocupada, sofreu reformas mas sempre preservando a essência do modo de vida da região em que se inseriu. Durante muito tempo, tal qual uma esfinge, a casa do Pinhal apresentou-nos mais questões que respostas. Talvez daí venha o fascínio que ela provoca sobre aqueles que se interessam pelo tema e pelo estudo da arquitetura rural paulista.

As visitas estão disponíveis somente sob agendamento prévio, porém, no momento da postagem deste artigo, entramos em contato com a fazenda e ela “está fechada temporariamente para reformulações de novas atividades no local”.  

 

Nascida em 10 de Janeiro de 1987, jornalista, escritora, empresária, pesquisadora na área de educação e filósofa… Espera, calma! Para um portal como esse, uma biografia ilesa, encaixada e padronizada não combina. Melhores serão informações um pouco mais simples, porém maiores. Vamos de novo:

Sou nascida na Lua Crescente. Capricorniana nata, terra em busca constante por água para fertilizar meu interior. Mulher de um amor maternal a sentir de longe. Descontrolada por vitaminas de abacate e ambrosia. Tenho medo de escuro até hoje. Sou comparada a um tsunami temperamental com genialidade para problemas e muita criatividade sentimental. Acredito em sereias, em bruxas e em pessoas – pois é, até em pessoas. Mudo de humor de acordo com a lua, me desconcentro facilmente, sou esquecida, brava, teimosa, amante do Outono e da Lua, e, agradecida por tudo.

Patrícia Volpe

Colunista - Filósofa, jornalista (Editora do Portal São Carlos EM CENA) e empresária

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