No ano de 1935, em um dia não sei qual, foi cinzelado pelo desencontro de dois poetas que, juntos, formariam um divino casal – sol e lua em conjunção – num matrimônio cujos frutos tocariam nossos céus, do natural ao supranatural, pois ambos alçavam voos do chão à filosofia esotérica, sutilmente, como poucos fizeram.

O palco deste encontro de luminares fora escolhido na cidade de Lisboa, no local onde o sol afogava sua solidão em bebidas quentes, no café que tinha por nome a nacionalidade da sua lua desencontrada – “A BRASILEIRA”. Nada mais sugestivo para intitular a maior poeta do Brasil, a nossa CECÍLIA MEIRELES, que na poesia eu intitulo sem medo de errar: “A Brasileira”.

Ele, o sol, o solitário Fernando Pessoa, achou algo para ratificar sua qualidade de eterno buscador da lua: no mapa astrológico de Cecília, sobreposto os “trânsitos” daquele dia do encontro marcado, viu aquilo que ele queria, sabe-se lá o que foi, para não consumar a conjunção dos luminares que às letras, iluminaria. Bastou, o encontro estava desencontrado.

Não havia “WatsApp”, nem “Messenger” e “Instagram” (imagina, não havia celular, mal se usava o telefonar – como essas pessoas viviam?!)  e “A Brasileira” tomou seu café no “A BRASILEIRA” sozinha e com este bolo amargo dado por Fernando Pessoa.

O doce viria na volta ao hotel, quando ela recebeu uma mensagem (claro, de papel, tipo carta dentro de um envelope… lembra?) de justificativa enviada por Pessoa e o livro “Mensagens”, há pouco lançado por ele.

Prantos inundaram os céus, o desejo humano que deveria realizar-se em luzes estelares no nosso chão de papel, sucumbiu a um influxo vindo de uma força tão mais fraca que a vontade humana… – o céu até pode escrever o seu texto, mas é a lápis, e a vontade humana é borracha ou tinta que o apaga, reescreve ou confirma.

Tem disto no mundo do tempo, até encontrão fechado numa caixa de presente, o presente que se deixou embrulhado, e quão maior se torna a poesia do poeta amargurado que perdeu sua musa do passado e escreve com lágrimas seus poemas fora da caixa cheia de esperança, desesperado.

Estou mais para crer serem as lágrimas que regam estrelas e nelas, pela falta que faz “A Brasileira”, ainda que a arte não tenha fronteira, deixo o português, Fernando Pessoa, para outra vez e aqui cito da CECÍLIA, algumas proezas: “…” Deixa pra lá, não cabem tantas nesse artigo, existe internet, vá lá e faça a sua pesquisa sobre a maior poeta brasileira, a musa que nos poetisa.

Ton Jófer é escritor São-carlense, nascido em 1956, cuja carreira literária cedeu parde de sua existência à sobrevivência do autor como geólogo, atuante na área técnica de geologia de engenharia.
Misturando às letras, a espiritualidade, no ano de 2017, o autor debutou no mundo literário com o livro de poemas “Ecos da Alma”, em 2020 lançou seu primeiro romance “Cadafalso” e em 2021 o romance espiritualista “Íncubus – Sombras da Solidão”.
Os poemas e pensamentos do autor podem ser acessados em seu perfil no Facebook ou no Instagram.
Ton Jofer

Colunista - Literatura

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