Do Bosque de Akademos para São Carlos, qual a importância de uma academia de letras para um município?

Tudo começou no ano de 387 antes de Cristo. É, lá mesmo, naquele longínquo passado. Devemos sempre buscar a etimologia das palavras, pois a origem e história de uma palavra, normalmente, nos mostram muitos de seus significados. E, o termo “Academia” está relacionado à Academia de Platão, um importante filósofo grego que ensinava em um jardim. Mas não era um jardim qualquer (como se algum jardim pudesse ser um qualquer), esse, segundo a história, teria pertencido ao herói Akademos, da guerra de Troia. Nesse bosque, que era dedicado às Musas, ocorriam debates em busca do conhecimento no exercício da dialética, guiados por Platão.

Agora, saltemos no tempo até o século XVII. No ano de 1635, com a finalidade de tornar a língua francesa pura, eloquente e capaz de tratar das artes e ciências, o rei Luís XIII autoriza o poderoso Cardeal Richelieu a fundar a instituição literária considerada a matriarca das academias de letras no mundo todo, a Académie Française (Academia Francesa – http://www.academie-francaise.fr/). O Cardeal delegou aos seus membros a função de preservar a língua francesa mantendo-a viva: “A l’ imortalité” (à imortalidade).  Os eleitos, como integrantes da academia, assumiram esta missão e passaram a ser chamados ‘os imortais’, mas que fique claro, imortal seria a língua, e não eles, não custa explicar.

Mais um salto no tempo, e no ano de 1897 é fundada, oficialmente, a Academia Brasileira de Letras (ABL – http://www.academia.org.br/), e como seu presidente, foi eleito o ‘Bruxo do Come Velho’, nosso Machado de Assis. A ABL também se espelhou na academia francesa, tendo por missão a imortalidade da língua portuguesa e da literatura brasileira. A ABL, tornou-se a referência para a fundação das academias de letras nos estados e cidades brasileiras.

É comum as pessoas confundirem a Academia Brasileira de Letras (ABL), com a Academia de Letras do Brasil (ALB). Apesar de os nomes serem parecidos, existem diferenças. A Academia de Letras do Brasil (ALB) tem como finalidades divulgar a cultura literária em um município e suas regiões, assim como registrar, difundir, preservar e estimular a cultura, a história e as realizações literárias do município, divulgar obras e realizações culturais de personalidades nascidas, residentes e/ou com estreitos laços com o município, incentivar e desenvolver atividades culturais e sociais, apoiar a criação, ampliação e melhoramento de acervos bibliográficos de bibliotecas municipais e estaduais, planejar e promover feiras, eventos e ações integradas de cultura através da congregação de lideranças comunitárias, entre outros mais.

Uma academia literária, de modo geral, funciona com um quadro de associados, homens e mulheres, os quais ocupam as chamadas cadeiras e lideram os compromissos da academia. Cada cadeira possui o chamado patrono/patronesse, que “dá nome” àquela cadeira. Trata-se de uma homenagem póstuma para uma pessoa reconhecida pelos pares como de alto valor literário, histórico, social, cultural ou educacional do município.

A Academia Literária de São Carlos (ALScar), portanto, é herdeira de todas essas missões, desde o jardim de Platão, passando pela Académie Française, se alicerçando na Academia Brasileira de Letras, se formulando em objetivos como Academia de Letras do Brasil e se constituindo como Academia Literária. “Foi uma escolha que fizemos durante a criação da Academia. No modelo tradicional, o nome é ‘Academia xxxxense (Bauruense, Porto Alegrense…) de Letras’. Optamos por ‘Academia Literária de São Carlos’ por algumas diferenças do modelo clássico, no fundo, somos todos uma associação de escritores sem fins lucrativos.” – afirma Antônio Fais, presidente da ALSCar.

A academia de um município permite que seus cidadãos possam ter, na porta de casa e ao alcance de suas escolas públicas, atividades de divulgação da língua e da arte literária. Mais que isto, pode fomentar a produção literária, despertar talentos, enfim, produzir patrimônios que carregam o DNA de seu município, de sua população, registrando-os na história. Imortalizando seu município e a sua gente como ela é.

Assim, finalmente, a Cidade Universitária, a Capital da Tecnologia, dá à luz a Academia Literária de São Carlos (ALSCar), contando com um grupo que reúne escritores, poetas, advogados, docentes, professores universitários, pesquisadores, empresários, jornalistas, dentre outros ilustres integrantes do município, totalizando vinte e dois fundadores.

Tornando-se um marco para a história da cidade, os fundadores da ALSCar (por ordem alfabética), e seus patronos são:

 Antônio Fais – (Patrono: Julien Fauvel);

Antonio da Silva – (Patrono: Névio Dias);

Adilson Marques – (Patrono: Alfredo Ellis Junior);

Alfredo Colenci Junior – (Patrono: Prof. Mário Tolentino);

Adriana Lins – (Patronesse: Maria Domingas Gonçalves);

Carlos Serrano – (Patrono: Júlio Bruno);

Cirilo Braga – (Patrono: Octavio Carlos Damiano); 

Edgard Andreazi – (Patrono: Mércio Finhana – Nhô Mércio);

Fabricio Mazoca – (Patrono: Euclides da Cunha);

Giovana Gaeta – (Patronesse: Anita Censoni);

Glauco Keller – (Patronesse: Maria Aparecida Villas Boas Escrivão);

Ton Jófer – (Patrono: Prof. Ary Pinto das Neves);

Hever Costa Lima – (Patrono: Vicente Paulo de Arruda Camargo);

Jeniffer Aldrighi (Patrono: Antônio Carlos Vilela Braga);

Kizzy França – (Patrono: );

José Renato Prado – (Patrono: Prof. Bento Prado Jr.);

Maria Lucia Derisso – (Patronesse: Benedicta Stahl Sodré);

Patricia Volpe – (Patronesse: Carminda Nogueira);

Rosemeire Trebi Curilla – (Patrono: Homero Frei);

Renato Barros – (Patrono: Prof. Nelson Prudêncio);

Rita Cândido – (Patronesse: Lãines Paulillo);

Rui Sintra – (Patrono: Prof. Ernesto de Souza Campos).