Diante do turbilhão de coisas para fazer, pensar e sentir nos esquecemos de viver o agora, o presente. Estar deprimido, pode sinalizar uma fixação ao passado, como também, quando estamos ansiosos, pode indicar que estamos vivendo no futuro. Essas questões de temporalidade nas quais nos encontramos, seja no passado ou no futuro, nos aprisionam em algo que já passou ou que está por vir, consumindo nossa energia e consequentemente nos colocando em um estado de estagnação.

É claro que precisamos dialogar com o passado para termos referência da nossa própria história e termos a consciência do que aprendemos nas experiências da vida, bem como, devemos projetar no futuro o que realmente desejamos conquistar. Mas, para que tenhamos uma saúde psíquica, devemos buscar sempre o equilíbrio, evitando os radicalismos extremistas, procurar sempre o eixo, a centralidade, a justa medida.

E como estamos falando de temporalidade, o presente vem simbolizar essa medida, esse ponto de equilíbrio. O poder do agora é real, é onde pensamos, sentimos e agimos. Muitos momentos presentes são desperdiçados por estarmos em outro tempo, seja estar com um grupo de amigos e olhando os likes do último post, seja conhecer alguém novo e ficar falando ou pensando em uma pessoa que já passou pela nossa vida, ou, até mesmo não saborear o momento da refeição, olhando para a agenda ou respondendo mensagens enquanto mastigamos a comida.

O poder do agora está na capacidade de nos colocarmos inteiros naquele momento. Às vezes, podemos pensar em viver uma história de amor e se aventurar nos aplicativos de encontros, namoros, mas ao ficar verificando os matches na padaria enquanto tomamos o café, nos tira a oportunidade de notar alguém ali, do nosso lado. Quando viajamos e ficamos mais preocupados em fotografar, perdemos a oportunidade e magia em contemplar aquela paisagem. Lembre-se, o que levaremos com a gente são as vivências e experiências que tivemos, e não a galeria do celular. Registre tudo na sua memória, pelos seu olhos e percepções e, arquive em seu coração.

Treinar a percepção do presente é indispensável para que vivamos na realidade do tempo, afinal, o passado já passou e o futuro ainda está por vir. Não precisamos ser perfeitos, até porque esse perfeccionismo não cabe a nossa condição humana mas sim, lutarmos pela nossa totalidade e inteireza, iniciando pela prática do estar no aqui e no agora!

Psicólogo, especialista em psicologia analítica e educação social, atuou por mais de 10 anos na área social e há mais de 20 anos na área clínica. Atualmente, é psicólogo clínico e professor.
Arthur Souza

Colunista - Psicologia

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