Não, não estamos falando da escola de bruxos do Harry Potter, nem dos discípulos das narrativas de Carlos Castaneda, é da ABLACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS a que nos referimos.

O apelido que aqui lhe damos é em homenagem ao seu primeiro presidente, cujo codinome “Bruxo do Cosme Velho”, foi dado por seus vizinhos e imortalizado no poema de Carlos Drummond de Andrade “a um Bruxo, Com Amor”, apelido conferido devido à fumaça espalhada da queima de papéis que o suposto bruxo fazia em sua casa, no bairro do Cosme Velho, Rio de Janeiro

A ABL é uma instituição privada, com sede no Rio de Janeiro, que há 125 anos vem atuando na cultura nacional. Desde a sua fundação houve a polêmica encabeçada principalmente por Machado de Assis e Joaquim Nabuco, sobre a qualificação de seus membros, se deveriam estar restritos às obras escritas, como defendia Machado, ou à cultura em geral defendida por Nabuco.

Se o primeiro presidente da ABL não era de fato um bruxo, era, sim, um encantador, um mago das letras a quem, hoje, o mundo da literatura reconhece, reverencia e estuda a obra deste genial escritor brasileiro – MACHADO DE ASSIS.

Certamente o caldo que o Bruxo preparava no Cosme Velho tinha um tempero feito com letras maiúsculas, o que ele idealizava para todos os futuros membros da ABL. Sua obra, redigida em caixa alta, é exemplo do que se esperaria de um membro imortal da academia, veja Dom Casmurro, cuja polêmica se Capitu traiu ou não a Bentinho, permanece viva na memória de quem o leu, sem nunca se apagar.

O que eu tenho certeza que o nosso maior expoente da literatura não podia prever é que a ABL se transformaria num caldeirão onde a sopa mágica não se formaria só de letras. Com as recentes eleições de Fernanda Montenegro e Gilberto Gil torna-se mais clara a tendência “nabuquiana” perseguida pela academia, com a atriz, por exemplo, tendo publicado apenas um livro contendo sua autobiografia. Não sei se o caldo está engrossado ou entornado.

Há muitas estranhezas quando se referem a essas letras da ABL, sendo uma enorme, a de quando percebemos que Carlos Drummond de Andrade não está imortalizado em uma daquelas cátedras, mas o está pela sua própria obra. O sistema da ABL é de eleição por candidatura e voto, o julgamento sobre os pleitos já feitos deixo a cada um mas, no meu conceito, faltam os membros estudarem e aplicarem o significado de cátedra durante suas escolhas, mas isto é outra história.

Se o caldo do caldeirão Bruxo engrossou ou entornou, saio pela tangente depois deste semeio em sua mente.

Uma frase, um brinde do gênio: “Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos. Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!”. – Machado de Assis, o Bruxo.

Ton Jófer é escritor São-carlense, nascido em 1956, cuja carreira literária cedeu parde de sua existência à sobrevivência do autor como geólogo, atuante na área técnica de geologia de engenharia.
Misturando às letras, a espiritualidade, no ano de 2017, o autor debutou no mundo literário com o livro de poemas “Ecos da Alma”, em 2020 lançou seu primeiro romance “Cadafalso” e em 2021 o romance espiritualista “Íncubus – Sombras da Solidão”.
Os poemas e pensamentos do autor podem ser acessados em seu perfil no Facebook ou no Instagram.
Ton Jofer

Colunista - Literatura

1 Comentário

  1. Marcos ferra

    Ótima chinelada .
    Não sou do ramo , mas vejo as ciências e a cultura de joelhos perante figuras que , na verdade , tem algum talento mas , longe das luzes da inteligência e da sabedoria de um verdadeiro mestre ( bruxo )

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